2006/08/29

Bwincaos
Fugindo a explicações fúteis e complicadas e indo directo ao assunto, Miguel Sousa Tavares resumiu tudo o que se passa na bwincaos da melhor e única maneira possível: "Para baixo com o Gil Vicente. Um clube que passa por cima das regras instituídas por uma Liga eleita pelos próprios clubes e regida com leis aprovadas pelos mesmos, tem de ser despromovido. Agora que não lhes convém, as regras já não servem?".
Admiro MST pela frontalidade e desinteresse com que dá as suas opiniões sobre os mais variados assuntos, mas quando se fala de futebol e do Benfica, passa a ser um tipo insuportável e dono de um complexo anti benfiquista que só lhe fica mal pelo intelecto que lhe reconheço de enorme valor e inteligência. Basta estar atento a um jornal desportivo da praça onde tem umas crónicas para se aperceber disso mesmo. O Benfica está sempre, sempre presente e, infelizmente, tolhe os seus pensamentos.
Toda esta confusão de interesses e incompetência no futebol português demonstra, mais uma vez, a avidez com que os dirigentes desportivos em Portugal se pavoneiam e aparecem onde não devem. Não sabem que os seus lugares são nos gabinetes. Que o seu trabalho tem de ser mostrado de forma idónea e responsável a quem apoia os respectivos clubes. Não sabem falar nem têm instrução para isso. Esquecem-se que são os resultados que os fazem cair e subir, como em tudo na vida. Fazem figura de parolos, anormais e acéfalos que mereciam ser corridos dos lugares que ocupam. E no fim disto tudo, o culpado é sempre o mesmo: o adepto que cada vez mais é passado para segundo plano, por causa de interesses que nada têm a ver com a essência deste mundo da bola.
Ainda há poucos meses, na Grécia, por um clube ter recorrido a tribunais administrativos e a federação grega ter dado provimento a essa acção, a FIFA suspendeu todo o futebol helénico de participar nas provas desportivas. Resultado: a federação grega voltou atrás, revogou a decisão anterior e suspendeu o clube dessa acção. Os clubes e a selecção podem, de novo, entrar nas competições.
Ainda há poucos meses, assistimos a uma célere decisão da justiça desportiva italiana que condenou monstros sagrados do futebol mundial, pelas razões conhecidas. É a vantagem de ter vários clubes grandes num só país, dirão alguns. Eu vou mais longe e digo que, nestes asuntos, a maior vantagem de se ter não sei quantos clubes de grande dimensão no mesmo campeonato é que na altura de se fazer justiça, o mais provável é que todos sejam pequenos e comam pela mesma medida. A Juventus ameaçou recorrer aos tribunais administrativos e ouviu logo da boca da federação italiana que seria suspensa. E ficou-se por aí.
Por cá, é o que todos nós sabemos. E é curioso verificar que até hoje foram raríssimos os comentários a questionar por que razão é o Belenenses a ficar na primeira divisão e não o Leixões a subir que, para mim, é a opção que maior sentido tem. E, entretanto, o adepto fica invariavelmente à espera.

2006/08/07

"Lealdade não é o que tu fazes pelos teus, mas sim o que tu deixas de fazer por eles"
Esta é, sem dúvida, a melhor definição do verdadeiro significado de se ser leal. Já não sei quem a disse nem onde a li, mas é daquelas frases curtas que me ficaram imediatamente na cabeça sem esforço algum. Lealdade tem a ver com muita coisa na vida. Tem a ver com os amigos, principalmente aqueles que sabemos que nos acompanham desde sempre. Com a família - os teus - porque sempre estiveram do nosso lado. Tem a ver, também, com o clube de cada um de nós e é aqui que este significado toma especial relevância e faz ainda mais sentido. Ser leal não é só dizer que se é Benfica até morrer. Isso é só o começo. É estar completamente lixado com a equipa, os jogadores e treinador, e mesmo assim estar ao seu lado com a esperança que um momento mau seja passageiro. Como se dependesse de nós, adeptos, mais do que deles, sair do inferno e voltar aos céus. Ser leal não é estar lá nos momentos bons, isso nem sequer é compatível com o conceito de paixão que o futebol envolve e muito menos significa que se deixa de fazer qualquer coisa para estar presente, pois é muito fácil prescindir quando as coisas correm de feição. Ser leal é precisamente o contrário. É estar lá nos momentos maus, sentir o mesmo orgulho que sentimos quando ganhamos um campeonato, ou mais ainda, pela raiva que nos assola ao percebermos que os que estão presentes nessas alturas, são os resistentes e os que encarnam o verdadeiro sentido passional do futebol. E é aqui que faz sentido deixar de fazer qualquer outra coisa pelo nosso clube. É aqui que mostramos que prescindimos pelo nosso símbolo, que não deixamos de estar por ele mesmo. O futebol é um mundo cada vez mais estragado, poluto e drescrente. Mas o futebol ainda tem adeptos e, por isso mesmo, tem o condão de nunca virarmos costas às nossas camisolas, por mais descrentes que possamos estar. Nem que seja ao dizermos que somos Benfica.