2009/05/26

SL Benfica - Hajduk Split

Porque a história de um clube também é feita de adeptos, das suas viagens e dos seu feitos a apoiar o Benfica.

E porque o Benfica não pode ser só treinadores, jogadores e dirigentes. Tem de ser, acima de tudo, adeptos.

2009/05/22

A tragédia benfiquista

Sou sócio há mais de 35 anos do Benfica e a minha mulher e as minhas duas filhas desde o dia em que nasceram.

Há, portanto, neste tema uma carga emocional familiar que dificulta o distanciamento e a objectividade. Ainda assim, enquanto professor de gestão, irei tentar olhar o meu clube como um caso que nos possa ensinar alguma coisa.

Creio que a métrica de valor da indústria do futebol é relativamente simples: as receitas directamente derivadas do espectáculo (bilheteira, televisão), as derivadas da marca ("sponsorização", ‘merchandising') e da valorização dos activos (jogadores). Todas elas, em maior ou menor grau dependem da ‘performance' da equipa de futebol e em dois planos: o conjuntural (época em curso), que afecta a bilheteira e a maior ou menor valorização dos activos e o estrutural (conjunto de ‘performances' ao longo dos anos) que afecta os restantes items e que no longo prazo cria as condições para o sucesso empresarial. Retenhamos o segundo plano, já que o da conjuntura dispensa adjectivos e apenas suscita dor e tristeza. Desde que a actual gestão tomou conta do clube o panorama é aterrador. Deserto de títulos e apenas pontuais sinais de se lá chegar (no campo dos resultados e não das intenções).

A gestão do clube, quando iniciou funções, tinha pela frente a mais desafiante das situações empresariais: concretizar um ‘turnaround' a uma "empresa" quase falida, mas com capacidade de ter sucesso na sua indústria. E trabalhou bem: ofereceu credibilidade aos credores e demais ‘stakeholders', negociou passivos, animou e desenvolveu novas canais de receitas, racionalizou custos, profissionalizou mais o negócio. Até foi capaz de construir um novo palco. Isto é, fez tudo que era possível fazer independentemente da melhoria da sua posição competitiva na indústria. Mas para que o ‘turnaround' tenha sucesso, há essa segunda fase, a da ‘performance' no seu negócio, ou seja, ganhar mais vezes. E aí a gestão falhou redondamente. Não houve competência para responder a esta segunda parte do desafio. E quando assim é, nas empresas acontece uma de duas coisas: a gestão dignamente reconhece e dá lugar a outra ou, menos dignamente, apenas os accionistas o reconhece e substituem-na em conformidade. Infelizmente, no Benfica não parece ir acontecer nem uma coisa nem outra. Mas temos uma consolação: está prestes a iniciar-se o campeonato em que já alcançámos o penta, o campeonato de verão: durante 3 meses vamos vencer o número de primeiras páginas, com os inúmeros treinadores e jogadores que estão para vir e que já não vêm. Pena é que essas páginas não sejam a principal fonte de valorização do negócio: se assim fosse já nem precisaríamos de entrar em campo em Agosto.


António Gomes Mota, Professor na ISCTE Business School


Esta opinião vem exactamente ao encontro da minha. Não deixa de ser interessante que as naturais distâncias entre mestrando e professor deixem de existir quando passamos a falar dum tema que nos coloca, a todos, sobre o mesmo patamar: o Benfica.