2008/03/13

"Este é o melhor plantel dos últimos 10 anos", Luís Filipe Vieira dixit no início desta época.
Depois de vender Simão Sabrosa, indo contra o que tinha deixado bem claro que "quem começar o estágio, não sai do Benfica".
Depois de despachar Manuel Fernandes, indo contra o que disse anteriormente. Um jogador que, à semelhança do Tiago e do Miguel em anos anteriores, saíu a mal com a sad.
Depois de ter deixado saír Karagounis como se fosse um jogador leviano e sem qualquer peso na equipa. Um jogador que, decididamente, dava alma e intensidade ao nosso jogo.
Depois de não querer ficar com Miccoli, numa história muito mal contada. Talvez o único jogador do plantel que também era simultaneamente adepto deste clube, pela forma como se ligava aos supporters.
Entretanto, aterram na Luz jogadores com tudo a provar e sem nenhuma experiência, nem de bola, nem de futebol europeu. Jogadores que, na melhor das hipóteses, ficavam no banco se os quatro anteriores não tivessem saído. Outros chegaram alapados sem qualquer lógica de aproveitamento. Jogadores que nem serviram para equipas secundárias portuguesas no mercado de inverno. Os putos das nossas escolas, que alguma falta faziam a este plantel tão bom - segundo a opinião de LFV, obviamente - acabaram por ser emprestados para a liga de baixo.
No meio disto tudo, choca-me o marasmo e o conformismo dos benfiquistas. Antigamente, na antiga Luz, havia concentrações e esperas dos adeptos quando as coisas não corriam bem. E não corriam bem quando se perdiam pontos ou se era eliminado por equipas com o mínimo de prestígio. Não se esperava por perder pontos para os últimos classificados ou por ser eliminado por equipas virgens na uefa. Hoje é assim. Temos o "melhor plantel dos últimos dez anos" e o presidente mais demagogo dos últimos cinco. Cinco, porque mais demagogo que LFV só o próprio LFV.
Entretanto a equipa não apresenta um fio de jogo, não tem um rumo, não apresenta futebol jogado, não oferece garantias, não acalenta ninguém porque não tem talento nem atitude. Os treinadores sucedem-se. Uns apanham melhores jogadores no plantel e a outros sai-lhes a fava. Mas lá em cima, no camarote presidencial, está sempre a mesma pessoa. Essa pessoa que pede mundos e fundos aos sócios e que vende constamente cenários e ilusões que nunca se tornam realidade, é a mesma que critica precisamente essa demagogia e populismo dos que, volta e meia, acabam por aparecer em sinal de protesto.
Entretanto, os adeptos mais fiéis não deixam de abraçar a equipa. Fiéis ao clube e às suas origens, muito importante, numa altura em que todos se vendem para ter a vida mais facilitada. O curioso é que são os do Benfica, com a vida mais difícil, que metem tochas e fumos nas bancadas. Em Portugal e no estrangeiro. Que fazem um estádio ter um ambiente mais próximo do que era há uns anos, em que não havia nenhum problema com isso. Que, contornando a lei, entram com bandeiras alusivas ao clube e com faixas adaptadas que dizem presente. Que, à revelia de leis repressoras, conseguem dar mais espectáculo. E que assim dão, também, uma lição para os outros todos.
Apetecia-me dizer que esses adeptos não merecem este Benfica. Mas depois lembro-me que o Benfica não são aqueles que no relvado ou na tribuna presidencial mais parecem esquecer-se do que estão a representar, mas sim única e exclusivamente aquele símbolo fundado há 104 anos e 14 dias que diz E Pluribus Unum, tem uma águia em cima e que nos acompanha eternamente.