2006/03/30

And the hope still remains
Foi um jogo intenso e frenético. Movimentado e cheio de oportunidades. Aberto e despretensioso. Foi mesmo um jogo à medida de um palco como o da Luz. É curioso ver que, apesar de ter apenas três anos, o nosso recinto já se habituou a grandes ambientes. Esta época tem sido uma constante, muito por culpa das noites europeias a fazer lembrar o velho estádio. E terça-feira não foi excepção, de modo que não há muito a dizer quanto a isso. Confesso que o facto do adversário ser o Barcelona tira-me alguma vontade de escrever o que quer que seja. Assim de repente, a única admiração extra-futebolística que posso ter pelo Barça, é o facto de terem resistido à publicidade por baixo do símbolo do clube, o que é notável nos tempos que correm. As equipas espanholas nunca me seduziram no mundo do futebol. Não porque não tenham qualidade nem proporcionam bons espectáculos. Tem mais a ver com os adeptos, que são uma autêntica nódoa no universo latino em que estão inseridos. Obviamente que há algumas excepções, principalmente e na minha opinião pessoal, na Andaluzia. E os cullés provaram-no. Não só devolveram mil bilhetes a que tinham direito, como os que tiveram na Luz nem se deram conta da sua presença. E a verdade é que não me desiludiram, porque já esperava isso. Os ingleses que passaram pelo nosso estádio foram, de longe, os adeptos estrangeiros que mais apoiaram a sua equipa e os que mais se fizeram ouvir. Mesmo assim, num palco como a Luz, é complicado manifestarem-se até porque o barulho dos assobios é verdadeiramente ensurdecedor quando os benfiquistas querem. Nou Camp é um estádio enorme, mas peca imenso por não ter ambiente. Já tive oportunidade de o confirmar ao vivo e de trocar impressões no mesmo sentido com outras pessoas. Não é normal metade do estádio sair das bancadas quando a sua equipa acaba de sofrer o terceiro golo. Sim, isto aconteceu esta época em Barcelona e pode ser que para a semana aconteça de novo. Era bom sinal...
A imprensa espanhola, mesmo a que está ligada ao poder de Madrid - para quem não está por dentro dos assuntos espanhóis, Madrid e Barcelona não se dão nem por um milímetro - tem sido nojenta. Desde que o sorteio ditou um Benfica-Barça, não se cansam de repetir que são favas contadas e que era uma questão de se saber por quantos é que o Benfica seria despachado da Champions League. Mas esquecem-se que, por muita projecção que o Barcelona possa ter, ainda lhe falta o historial europeu que o Benfica tem. E, entre outras coisas, esquecem-se também que as grandes equipas que o Barcelona já teve, foram sempre devido a grandes jogadores estrangeiros. Tirando um ou outro caso, não me recordo de grandes jogadores espanhóis no Barça. Pelo menos comparados aos portugueses que levaram o Benfica, em diversas alturas da sua história, a grandes feitos lá fora. Foi assim no passado e é assim agora. E esquecem-se de dois pormenores importantes: foi à custa do Real Madrid e do Barcelona que o Benfica ganhou duas taças dos campeões europeus...
É giro ver os nossos adversários internos, pegarem em argumentos ridículos para tirarem qualquer mérito ao Benfica por ter chegado aos quartos de final da Champions.
Descascam no keeper benfiquista por causa da sorte que teve em não sofrer golos depois de uma série de intervenções disparatadas. Mas eu prefiro mil vezes ver o Moretto a ter deslizes que podem comprometer nos quartos de final do que não ver. É sinal que voltámos a ter as noites europeias na Luz.
Criticam-nos por assobiar o Deco, levando o argumento à falta de patriotismo. Mas que eu saiba, nem ele é português, nem estava a jogar pela selecção nacional - e eu discordo totalmente por ele representar o nosso país - nem, muito menos, deu alguma alegria aos benfiquistas. Bem pelo contrário, jogou pelo fêcêpê e era a estrela do nosso rival, pelo que à luz das rivalidades, os assobios compreendem-se. É sinal que fazem parte do sal do futebol e isso não se pode perder.
E depois de nos criticarem pela falta de patriotismo, apercebemo-nos que há muita gente indecisa este ano. Não sabem que clube apoiam, se o Liverpool, o Man Utd, o Villarreal, o Lille ou o Barcelona. É sinal que voltámos em grande aos jogos europeus.
Quanto ao resto, gostei particularmente de entrar no estádio com aquele final de tarde solarengo. Era uma noite europeia a que me esperava, mas de qualquer modo, fez-me lembrar a bola nas tardes de domingo, com muita gente à volta do estádio e onde dava para sentir uma certa mística dos velhos tempos. Só tive pena que o Benfica não tenha marcado um golo, é que o estádio vinha abaixo e faltou apenas isso para que o Inferno da Luz tivesse sido em pleno. Há, porém, uma curiosidade que acho importante referir. Nos minutos finais do jogo, os adeptos benfiquistas puxaram pela equipa como se tivessem a ganhar, empurrando-a para a área cullé e bem se notou, nesses momentos, a força e o impacto que podemos ter quando acreditamos até ao fim. E aí, lembrei-me de Anfield Road, daquele minuto final dos liverdpulians a cantar em uníssono pela sua equipa. Lembro-me sempre disso, sempre. Hei-de sempre lembrar-me disso.

2 Comments:

Blogger S.L.B. said...

Falta de patriotismo é apoiar nas competições europeias uma equipa que não tem fair-play, há mais de 20 anos que não olha a meios para atingir os fins, tem adeptos que agridem outros que querem celebrar as suas vitórias e que, se houvesse justiça em Portugal, já há muito tempo teria descido de divisão. Apoiar uma equipa que envergonha o desporto (jogo contra o PSG no ano passado, lembram-se?) isso é que é falta de patriotismo!

7:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estava de facto um grande ambiente na Luz. Como facto negativo so tenho a apontar a dois ou tres deficientes que tentaram imitar os sons dos macacos , em clara demonstraçao de racismo, quando o Etoo e o Ronaldinho marcavams os cantos , e que prontamente foram abafados por todos os outros. A nova luz começa a criar a sua própria lenda...

8:05 da tarde  

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