2005/10/11

Ainda algumas divagações

Fazer escala em Frankfurt e, por via do destino, regressar num dos charters que ligaram Lisboa a Manchester.
Pagar bilhete de comboio para visitar Frankfurt sem saber que se podia andar sem pagar nada, se bem que não fosse permitido. E só perceber isto, depois da primeira viagem até ao centro desta cidade. Para a próxima, talvez esteja avisado. No fundo, não seria muito diferente do que eu fazia no metro alfacinha quando era mais novo.

Planear, ainda em Lisboa, o percurso desde o aeroporto a Old Trafford por comboio e eléctrico, sabendo que só tinha duas horas de margem até ao jogo começar. Mandar um email para o Man Utd a perguntar o meio mais rápido de fazer esse trajecto e receber uma resposta tão fria como estúpida: de táxi. Chegar lá, e perceber que se podia fazer, como acabei por fazer, esse percurso sempre na mesma linha de comboio. Razão: o estádio tem um apeadeiro que fica mesmo por trás da bancada principal e que dá um jeitão em dias de jogo.

Saber, de antemão, que os adeptos ingleses não iriam dar tréguas. Entrar no estádio com essa certeza e saír de lá com a alma cheia de orgulho por os termos calado. Ficar convencido, de vez, que fora das quatro linhas o futebol também é um jogo com muitas surpresas. Ver o jogo em pé, nunca sentado, e vibrar com o símbolo da águia estampado nas camisolas vermelhas a milhares de quilómetros de casa. E ver que, ao meu lado, tantos outros sofrem como eu.

Saber que se gasta dinheiro com fartura sem nada receber em troca. E querer repetir isto enquanto houver possibilidade e disponibilidade porque, infelizmente, não basta apenas o interesse. Chegar ao ponto de ter a certeza que, mesmo que soubesse qual iria ser o resultado de Old Trafford, tinha ido incondicionalmente na mesma. E perceber que, quando assim é, não há nenhum sacrifício que não seja brutalmente compensado pelas sensações que vivemos e experiências por que passamos.

De tantos momentos, se tivesse de escolher algum, aqueles minutos que se seguiram ao golo do Benfica vão morrer comigo...