O 'antes' e o 'agora' ou o choque de gerações
Tenho a sorte de ver o meu clube jogar entre companheiros de bancada que partilham da luta contra o futebol indústria. Ser adepto de um clube nestas condições, implica uma capacidade de sofrimento acima do normal. Não se trata de ficarmos meramente cabisbaixos quando perdemos ou empatamos. Trata-se de uma dimensão mais profunda e que vai mais além de comentários em forma de lamento só porque não ganhámos. Muitas vezes dou por mim a deitar as culpas ao futebol moderno quando o meu Benfica joga mal ou perde pontos. É inevitável a comparação que estabeleço com o 'antes' e o 'agora'. Com os tempos em que havia amor à camisola em contraponto com o profissionalismo dos tempos que correm. E chegar sempre à mesma conclusão que preferia infinitas vezes que o profissionalismo fosse às malvas porque o que eu quero é sentir aquelas camisolas correrem por amor ao símbolo que eu amo. Mas, como um dia um destacado romano gialorosso me disse, quem ama também odeia. É por isso que tanto desprezo a versão moderna do futebol, contra a qual me sinto bem mais genuíno ao defender aquilo que o meu avô e o meu pai me proporcionaram quando era puto e comecei a ir à bola. Sem cadeiras, sem escoltas, sem revistas e, no entanto, com a alma cheia por ir ver o Benfica. Acredito piamente que somos o último bastião contra o futebol indústria. E não tenho dúvidas que o campo em que onze contra onze se degladiam por uma vitória, as camisolas de 1 a 11 e as tardes da bola numa bancada de um qualquer estádio continuarão a ser valores de que jamais me vou dissociar.
O que me custa é que, no meio deste futebol moderno, aqueles que me ensinaram a ver a bola no seu estado puro de paixão, se acomodem ao actual estado das coisas e, sem nada fazer, afastam-se como se tivessem perdido esses valores que os levavam a ver futebol. Aquela geração que levava os filhos à bola, de mão dada para não se perderem na confusão, que aprendeu a ver a bola enquanto futebol do povo e que passou aos mais novos esses valores, mandaram-nos todos às malvas como se nada fosse com eles. É como se nos tivessem abandonado, deixando-nos entregue a uma indústria que sorve tudo e todos. É incrível como essa geração se desinteressou por esses valores e acabam por pactuar com os ideais vigentes no futebol actual, pagando preços exorbitantes sem levantarem uma única palavra ou simplesmente deixando de ir ao futebol dando lugar aos engravatados adeptos da festa. Sem gestos nem protestos. Enquanto nós, os mais novos, ainda lutam e acreditam que nessa luta, apesar de sentirem estar num beco sem saída, sentem também a consciência mais tranquila por não se vergarem a um polvo que leva algumas personalidades a dizer que o futuro do futebol é um estúdio de televisão. Não estou a brincar, eu li isto da boca de um dos responsáveis pelo Euro 2004 e, apesar de lhe reconhecer alguma razão pelo rumo que o futebol tem levado, não deixo de me sentir enojado que se queira transferir toda a magia existente nas bancadas dum estádio para uma sala fechada entre quatro paredes onde se controlam câmaras e computadores que, por sua vez, levam esse espectáculo a tantas outras salas fechadas onde alguém, sentado no seu sofá, vê um jogo de futebol. Vê... mas não o sente! É isso espectáculo? É isso magia?
Há poucos dias atrás, em plenas férias, tive uma discussão sobre estes assuntos com pessoas da minha idade e outras bem mais velhas. Àqueles que me ensinaram a amar o futebol paixão, enervadamente, acabei por lhes chamar vendidos. Não aguentei certos comentários que ouvi e tive de saír mesmo dali. E é isto que me custa mais: ver os que me incutiram esses valores, ficarem acomodados e, em certas situações, não perceberem a revolta que, de tão obvia e justificada que é, deveriam ser eles os primeiros a entender.
Tenho a sorte de ver o meu clube jogar entre companheiros de bancada que partilham da luta contra o futebol indústria. Ser adepto de um clube nestas condições, implica uma capacidade de sofrimento acima do normal. Não se trata de ficarmos meramente cabisbaixos quando perdemos ou empatamos. Trata-se de uma dimensão mais profunda e que vai mais além de comentários em forma de lamento só porque não ganhámos. Muitas vezes dou por mim a deitar as culpas ao futebol moderno quando o meu Benfica joga mal ou perde pontos. É inevitável a comparação que estabeleço com o 'antes' e o 'agora'. Com os tempos em que havia amor à camisola em contraponto com o profissionalismo dos tempos que correm. E chegar sempre à mesma conclusão que preferia infinitas vezes que o profissionalismo fosse às malvas porque o que eu quero é sentir aquelas camisolas correrem por amor ao símbolo que eu amo. Mas, como um dia um destacado romano gialorosso me disse, quem ama também odeia. É por isso que tanto desprezo a versão moderna do futebol, contra a qual me sinto bem mais genuíno ao defender aquilo que o meu avô e o meu pai me proporcionaram quando era puto e comecei a ir à bola. Sem cadeiras, sem escoltas, sem revistas e, no entanto, com a alma cheia por ir ver o Benfica. Acredito piamente que somos o último bastião contra o futebol indústria. E não tenho dúvidas que o campo em que onze contra onze se degladiam por uma vitória, as camisolas de 1 a 11 e as tardes da bola numa bancada de um qualquer estádio continuarão a ser valores de que jamais me vou dissociar.
O que me custa é que, no meio deste futebol moderno, aqueles que me ensinaram a ver a bola no seu estado puro de paixão, se acomodem ao actual estado das coisas e, sem nada fazer, afastam-se como se tivessem perdido esses valores que os levavam a ver futebol. Aquela geração que levava os filhos à bola, de mão dada para não se perderem na confusão, que aprendeu a ver a bola enquanto futebol do povo e que passou aos mais novos esses valores, mandaram-nos todos às malvas como se nada fosse com eles. É como se nos tivessem abandonado, deixando-nos entregue a uma indústria que sorve tudo e todos. É incrível como essa geração se desinteressou por esses valores e acabam por pactuar com os ideais vigentes no futebol actual, pagando preços exorbitantes sem levantarem uma única palavra ou simplesmente deixando de ir ao futebol dando lugar aos engravatados adeptos da festa. Sem gestos nem protestos. Enquanto nós, os mais novos, ainda lutam e acreditam que nessa luta, apesar de sentirem estar num beco sem saída, sentem também a consciência mais tranquila por não se vergarem a um polvo que leva algumas personalidades a dizer que o futuro do futebol é um estúdio de televisão. Não estou a brincar, eu li isto da boca de um dos responsáveis pelo Euro 2004 e, apesar de lhe reconhecer alguma razão pelo rumo que o futebol tem levado, não deixo de me sentir enojado que se queira transferir toda a magia existente nas bancadas dum estádio para uma sala fechada entre quatro paredes onde se controlam câmaras e computadores que, por sua vez, levam esse espectáculo a tantas outras salas fechadas onde alguém, sentado no seu sofá, vê um jogo de futebol. Vê... mas não o sente! É isso espectáculo? É isso magia?
Há poucos dias atrás, em plenas férias, tive uma discussão sobre estes assuntos com pessoas da minha idade e outras bem mais velhas. Àqueles que me ensinaram a amar o futebol paixão, enervadamente, acabei por lhes chamar vendidos. Não aguentei certos comentários que ouvi e tive de saír mesmo dali. E é isto que me custa mais: ver os que me incutiram esses valores, ficarem acomodados e, em certas situações, não perceberem a revolta que, de tão obvia e justificada que é, deveriam ser eles os primeiros a entender.
4 Comments:
Excelente post. Conseguiste sintetizar aquilo k me vai na alma, como adepto de futebol e do Glórias, é cada vez mais complicado ir à bola. O preço dos bilhetes cada vez é mais elevado o que faz com que a pouco e pouco os adeptos deixem de o ser, e passem a ser meros telespectadores, ou adeptos de sofá como hoje em dia se diz. Jogos fora, pior ainda - preços proibitivos, sectores pekenos, pouquissimos bilhetes facultados, repressão policial por vezes desadequada e desnecessária...
Enfim, o deporto rei anda pelas ruas da amargura, está bom é para os patrocinadores, com. social, agentes desportivos e pouco mais.
Por fim, devo-te dizer k compreendo a atitude das tais pessoas k nos habituaram a ir à bola ao domingo à tarde. Resume-se a isto: é mais fácil pagar a sportv ao fim do mês do k ir ao estádio, pagar preços altissimos plos bilhetes, e ter k conviver com os "gangs" das clakes. É esse o pensamento da maioria das pessoas.
Neste momento kem manda no futebol é, principalmente, a comunicaçao social k aprveita certos acontecimentos pra fazer grandes histórias mirabulantes e dominar a corrente de opinião dos mais vulneráveis.
Abraço - SLB1904 SEMPRE !!
(CM)
Está brilhante o post . De facto os tempos que correm eram impensáveis a alguns anos atrás. Que dizer daquela concentração e cortejo de sábado a Alvalade?
Bom post . Tomei a liberdade de te linkar . Abraço
CM: Já dizia uma célebre frase que "sem luta não há glória" e o nosso Benfica nasceu de muita e intensa luta dos nossos pais e avós. Cabe a nós continuá-la, mas agora e sempre contra os valores do futebol moderno. Só assim seremos eternos.
cag-on-tour: Sobre o derby, muito há a contar principalmente sobre o 'antes'. Pessoalmente, prefiro deixar as historias para quem esteve presente no cortejo. Mas muito resumidamente, foi um cheirinho dos velhos tempos. E so por isso, valeram a pena.
ultrascervejaseviagens: Obrigado por teres linkado o meu blog.
Sempre e Só Benfica!
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