2005/06/11

Raça e Mística Benfiquista
Não sei sobre o que escrever, apetece-me mas não me vêm ideias à cabeça. Cheguei agora a casa, são 2h30 da manhã e não tenho sono. Estive há pouco com pessoas de quem gosto muito e com quem partilhei alguns dos meus momentos mais importantes no último ano. E não estou a falar apenas da parte desportiva. Porque para além do Benfica, vivi situações que guardo cá dentro e que acabaram por me tocar por qualquer razão. Umas vezes por tudo, outras vezes por nada. Nem sempre tem de haver uma razão consequente por trás de tudo e é aí que entram os pequenos nadas que fazem a diferença...
Soube há pouco que o Álvaro Magalhães vai mesmo saír do Benfica. Fiquei desolado. O que pensava ser um rumor, afinal é verdade. Respirei fundo, pensei um pouco melhor e encontrei algo que acredito que possa vir a concretizar-se: ele merece ser treinador principal de uma equipa com pergaminhos. Talvez tenha chegado a sua hora e isso deixa-me mais descansado. O que me deixa triste, é ter visto ao longo de um ano aquele fervor benfiquista que ele irradiava durante os jogos, a raça e vontade de ganhar que transmitia do banco para o relvado e, acima de tudo, a mística que ele representava e conseguia passar mesmo para as bancadas do estádio e que vamos deixar de ter todos os domingos na bola. Já era assim quando ele jogava pelo lado esquerdo da defesa: tudo o que representava na altura continua intacto e incólume. Um dos jogos que me vem mais vezes à memória quando se fala no Álvaro é o da final da Taça dos Campeões Europeus contra o PSV Eindhoven em 1988 onde o Koeman, agora treinador do Glorioso, marcou o primeiro penalty de uma série deles que nos seria fatal. Mais uma vez se cruzam, mas agora no papel de treinadores.
Julgo que um dos trunfos do Benfica campeão foi ter o Álvaro como braço direito de um senhor do futebol mundial que nos deu o título ao fim de 11 anos, Trapattoni. Era imperioso ter alguém que conhecesse os meandros do Benfica e que facilitasse a integração do treinador italiano no futebol português, principalmente os seus truques e manhas. Este ano vamos deixar de ter esse trunfo. Só espero, mesmo, que não seja sinónimo de desilusão no final da próxima época.
O Álvaro vai-se embora e uma das imagens que marca qualquer benfiquista que esteve minimamente atento e que acompanhou a equipa por esses estádios fora, é aquela em que ele se vira para a bancada e, entre saltos e gritos, incentiva os adeptos a apoiarem o Benfica. Foi assim contra os tripeiros, quando perdemos injustamente em casa, após aquele estrondoso remate do Petit que não deu golo por capricho do árbitro. Foi assim contra os lagartos, no melhor jogo que a Luz assistiu desde que é a nova Catedral, para a taça. Foi assim no Bessa antes do Simão ter marcado o penalty e depois do jogo ter acabado em apoteóse. Foi assim tantas vezes e é disso que vou sentir mais falta. Mesmo que ganhemos tudo. Mesmo que joguemos bem. Mesmo que para o ano não haja motivos para o Álvaro fazer o que fazia nesses momentos, é disso que vou sentir falta.

1 Comments:

Blogger Manuel Neves said...

O Álvaro quase que é a personificação do Benfica. É com muita pena que o vejo partir. É daqueles que devia ser adjunto honorário como o Eusébio devia ser presidente honorário do Benfica.
O Álvaro é mística.
O Álvaro é raça.
O Álvaro são os anos 80 europeus.
O Álvaro é o esbracejar e praguejar quando se falha e gritar de alegria quando se marca.
O Álvaro não é quase, é mesmo a personificação do Benfica.

E que nenhum de nós se despeça dele, porque ele é um dos nossos.

Grande abraço e grande crónica, G. .

Benfica 1904!

4:46 da tarde  

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